quinta-feira, 3 de julho de 2008

Nhoque, vira lata sem Dono

Bem gente, essa é a minha mais nova história.Estou muito sensibilizada com os animais de rua. Quando vejo um sozinho vagando por aí, fico imaginando qual será sua história de vida, e o porquê do seu abandono.Foi pensando nisso, e tanto ler a Marina W que resolvi escrever a história do Nhoque.

Espero realmente que vocês gostem.


Nhoque, vira lata sem Dono


A fama de Nhoque pelas ruas e becos era que ele era muito brigão.

Foi de tanto lidar com os outros cachorros da rua, que Nhoque foi ficando diferente do que ela realmente era e ganhando essa fama de durão.

Antigamente, Nhoque era um cachorro bacana, brincalhão, esperto mesmo quando ele morava lá na casa da avó Rute

Ah ! que tempo bom aquele!

Lá sim era bem tratado!

Tinha uma casinha só pra ele.
Toda pintada de azul com a portinha branca.
Tinha tigela de água, de ração.
Ia no médico, cortava as unhas, tirava cabelinho do ouvido.

Vovó Rute nem ligava dele não ter pedigree.

Nhoque vivia feliz, com a barriguinha cheia e cercado de carinho.

Vez em quando ganhava um osso bem gostoso para roer.

Mas um daí, um dia sem mais nem menos, a vó Rute sumiu.

Nhoque fuçou dali, fuçou daqui, mas não encontrava a dona de jeito nenhum.

Na semana do desaparecimento da Vó Rute, ele notou a casa cheia, um chororó, um monte de gente estranha que ele nunca tinha visto antes.

Quando ele menos esperou, foi levado embora da sua casa, do seu lar...
Num carro estranho para um lugar que ele não gosta de se lembrar até hoje.

Era a casa do Marcelo.

O neto de vó Rute.

O que a casa da vó Rute tinha de bom, lá no casa do Marcelo tinha de esquisito.

ninguém lembrava de dar comida pra ele, de colocar água.

Nhoque vivia com fome e sede, deixado de lado. Ninguém lembrava dele.

Só o Marcelo.

Mas o Marcelo era uma criança que não gostava de animais.

E vivia chutando o Nhoque e puxando seu rabo.

De um cachorro bonito, gordinho e esperto, Nhoque foi ficando cabisbaixo, olhos tristes, orelha caída, escondidinho pelos cantos, com medo da maldade do menino.

Mas o fim da picada mesmo, foi no último natal quando Marcelo se juntou com os seus outros primos que vieram do interior.

A casa estava cheia de gente, a festa animada, mas o Marcelo e os seus primos só pensavam em traquinagem.

Numa hora em que o Nhoque estava distraído brincando no jardim, eles chegaram e lhe pegaram.

O primeiro primo agarrou o rabo.
O segundo primo preparou a corda.
E o Marcelo enroscou a corda no pescoço do Nhoque.

Nossa! Que confusão!

Foi um tal de Nhoque ganir : uhhhhhhhhhhhhhh!uhhhuhuhhhhuh!
E um corre dali, um corre daqui...

Até que o tio Beto agarrou o Nhoque e o salvou das mãos daqueles meninos malvados..

O pobrezinho do Nhoque estava tão sem ar que ficou com a língua pra fora um tempão.

E depois de muito pensar, resolveu que não podia continuar ali, senão corria o risco de virar cachorro quente.

Esperou anoitecer e fugiu.

Fugiu pra bem longe. Com coleira e tudo.

Já fazia um tempo que perambulava pelas ruas, comendo as sobras que lhe jogavam, se escondendo da chuva e do frio embaixo das marquises.

Estava quase se acostumando com essa vida de cachorro sem dono quando conheceu o Pedrinho.

Todo dia Nhoque ia na casa dele. E sempre tinha água fresquinha e uma tigela com ração, e muito, muito carinho e brincadeiras.

O pai do Pedrinho comprou até uma bolinha barulhenta para ele brincar com o Nhoque!

Nhoque não era dado a sonhar e sabia que era feio ouvir a conversas dos outros, mas ficou tão feliz quando escutou esta conversa entre pai e filho:

-Olha pai, ele tem coleira, deve ter um dono.

- Então se ele tem um dono, não pode ser nosso.

- Mas pai, já tem um tempão que ele anda pra lá e pra cá, é tão magrinho, o coitadinho.

- Mas filho...

-Posso ficar com ele pai, posso?

-Tá bom. Mas primeiro precisamos saber se ele tem dono ou não.

Nhoque ouviu isso feliz da vida. E queria poder falar para gritar bem altão:

-Eu não tenho dono não, me adota vai!

Nhoque teve que esperar uma semana inteirinha até o Pedrinho percorrer todo o bairro perguntando se alguém tinha perdido um cachorro assim e assado.

O dia mais feliz da vida de Nhoque, foi quando ele entrou na casa e no coração de Pedrinho.

Ele ganhou um banho gostoso, comeu uma tigela de ração bem grandona, e quando achava que tudo estava bom demais pra ser verdade,
Ele viu.
Uma casinha. A mais linda casinha que ela jamais vira.

Vermelha com portas azuis.

E por mais que não quisesse, Nhoque chorou de felicidade.

Enfim, tinha um lar novamente.

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